Como aumentar a Inteligência Emocional para gerir a Procrastinação?

Sabias que a procrastinação se relaciona muito mais com as tuas emoções do que com a tua produtividade? Queres saber como uma boa gestão emocional te pode ajudar a atingir os teus objetivos? Neste artigo, vou mostrar-te como aumentar a Inteligência Emocional para gerir a Procrastinação.

Com um novo ano a iniciar quase todos definimos intenções e objetivos para colocar em prática nos próximos meses. No entanto, quantas vezes já deste por ti a perceber que muito do que definiste nunca passou do papel? Não chega definirmos objetivos.

Pensa naqueles dias em que acordas e sabes que tens um projeto ou tarefa que não podes adiar mais. Talvez sintas a pressão a apoderar-se de ti. Sabes que tens de o concluir. Ou naquelas semanas em que arranjas todas as desculpas para não fazeres exercício (apesar desse ser um dos teus objetivos para o novo ano…). Ainda assim, acabas por ir adiando e adiando.

Simplificando, a procrastinação é estimulada por uma reação automática a uma emoção negativa. Portanto, o primeiro passo é percebermos e expressarmos adequadamente essa mesma emoção negativa. É aqui que entra a Inteligência Emocional!

Vários estudos têm vindo a demonstrar que pessoas emocionalmente inteligentes tendem a evoluir mais profissionalmente, bem como a obter melhores remunerações e maior reconhecimento por parte dos pares.

Mas e se o teu QE (Quociente de Inteligência Emocional) estiver baixo, em vez de alto?

3 passos para aumentar a tua inteligência emocional

A neurociência mostra-nos que é possível melhorarmos a nossa Inteligência Emocional. O que se torna fundamental tanto para o ambiente de trabalho como para o ambiente familiar ou social.

Uma das coisas boas da língua portuguesa é que ela diferencia o “ser” do “estar”. É usando esta distinção como base que podemos aprender a trabalhar na nossa Inteligência e Gestão Emocionais.

3 PASSOS PARA AUMENTARES A TUA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL:

1. Reconhece que as tuas respostas emocionais não estão “gravadas na pedra”

É essencial percebermos que não nascemos com os nossos circuitos neuronais emocionais todos prontos. Esses circuitos vão sendo construídos de acordo com a nossa história e da forma como lidamos com ela.

Isto significa que podemos trabalhar para desaprender e reaprender algumas das nossas respostas emocionais. Basicamente, as nossas emoções são “apostas” do nosso cérebro, baseadas em experiências. Ou seja, são previsões e não certezas.

Na realidade, quase sempre acreditamos que estamos a reagir ao mundo mas, na verdade, nós estamos, constantemente, a fazer previsões e construções do mundo. Isso significa que podemos modificar essas previsões mudando as nossas emoções.

Bom, nesse caso, como é que podemos mudar as nossas emoções? Os dois passos seguintes podem ajudar-te!

2. Identifica a tua emoção específica a cada momento

Sempre que trabalho a temática da Gestão Emocional torna-se claro que a grande maioria das pessoas tem dificuldade em ter um vocabulário vasto ao nível das emoções. Quase tudo se restringe a stress, ansiedade e raiva.

É essencial aumentarmos o nosso vocabulário de emoções para identificamos a emoção específica que estamos a experienciar a cada momento.

Trazer awareness para as nossas emoções e pensamentos é um passo importante para acalmar a nossa amígdala. Por exemplo, tomar consciência de que estou a experienciar irritação, neste momento, pode ativar a parte do nosso cérebro que melhor toma decisões – o pré-frontal.

Um exercício que podes experimentar fazer é o de dar um nome ao que estás a sentir.

Digamos que sentes stress.  “Stressado” tem um significado, mas é muito vago.

Em vez disso, podemos estar stressados em relação a algo que irá acontecer no futuro. Ou sobre uma certa decisão da qual temos receio de nos virmos a arrepender. Ou ao pensar na nossa próxima apresentação. Ou ainda sobre uma conversa” difícil” que teremos de ter.

Isso é o que Lisa Feldman Barrett, psicóloga e neurocientista chama de “emoções granulares”. Quanto mais especificamente identificas uma emoção, quanto mais granular a tornas, melhor!

Reservar um tempo para pensar sobre os motivos pelos quais nos sentimos de determinada forma ajuda-nos a lidar melhor com essa emoção.

Tempo para pensar

3. Ressignifica as tuas emoções

Geralmente usamos as palavras emoção e sentimento como se fossem sinónimos, mas, cientificamente, não são. A emoção vem primeiro. A emoção é o estado físico, a resposta fisiológica a um determinado estímulo. Já o sentimento é a interpretação dessa emoção – a experiência mental.

Ou seja, a emoção é a mudança no batimento cardíaco, na temperatura, é a sensação de náusea. O sentimento é a interpretação que fazemos dessas alterações que pode ser tristeza, raiva, irritação, medo… Portanto, podemos ter interpretações diferentes para a mesma mudança no corpo.

Ora, se o sentimento é o resultado da interpretação, reside aqui a possibilidade de mudar o nosso comportamento.

As nossas emoções são o resultado de uma “orquestra cerebral” e não de uma atividade meramente límbica, o que indica a participação cognitiva no processamento de emoções e, portanto, a possibilidade de melhorar a gestão emocional.

Assim, é importante compreendermos também como os nossos pensamentos influenciam as nossas emoções. No fundo, precisamos de identificar quando os nossos pensamentos e o nosso diálogo interno se tornaram repetitivos, aprisionando-nos e deixando de ser úteis.

Podes praticar “afastar-te” dos teus pensamentos e rotulá-los para os reconheceres como úteis ou inúteis. Por exemplo, se pensas: “Eles não me estão a ouvir”, podes rotular isso como: “Estou a pensar que eles não me estão a ouvir, o que me faz sentir frustração”.

Vamos praticar?

Podemos utilizar o método RULER (RULER é uma abordagem sistêmica desenvolvida no Center for Emotional Intelligence), que envolve reconhecer que tu estás a experienciar um determinado sentimento, entender a razão pela qual isso acontece, rotulá-lo com precisão e expressá-lo de forma adequada. Um exemplo disso no contexto de procrastinação seria algo do género:

Recognize (Reconhecer): “Estou a tentar trabalhar nesta tarefa, mas tenho dores de estômago.”

Understand (Entender): “Comi recentemente e não estou doente – provavelmente não me estou a sentir bem, porque esta é uma tarefa de elevada responsabilidade.”

Label (Rotular): “Penso que isso significa que estou a sentir ansiedade /desconforto”.

Express (Expressar): “Vou-me levantar e caminhar um pouco.”

Regulate (Regular): Depois de dominares os primeiros 4 pontos e de estares consciente das emoções negativas que podem desencadear a tua procrastinação, a regulação da emoção pode ajudar-te a reconectar o teu cérebro. Experimenta interromper esses sentimentos negativos e encontrar fontes mais eficazes de emoções positivas (tal como ir dar uma pequena caminhada ou fazer uma pausa) do que apenas procrastinar para um alívio temporário de algo que te provoca desconforto.

A regulação emocional é uma questão de estratégia, de descobrir o que desencadeia as nossas emoções e de que forma podemos evitar, amplificar ou alterar esses gatilhos.

Resumindo, é certo que nem sempre podemos controlar as nossas emoções. Mas podemos controlar, pelo menos até certo ponto, como respondemos e gerimos essas emoções.

Afinal de contas, é disso que se trata a Inteligência Emocional!

Se tens interesse sobre o tema da Gestão Emocional talvez te interesse o artigo “3 sistemas que afetam a tua motivação e o teu equilíbrio emocional”

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