O foco é aquilo a que prestamos atenção. Ao longo deste artigo vou mostrar-te como podes treinar o foco, num mundo cheio de todo o tipo de distrações, para teres uma vida mais equilibrada e fluída.
Antes de avançarmos quero propor-te um desafio:
Pára durante 1 minuto (cronometrado!) e permanece em silêncio, com os teus olhos fechados, permitindo-te observar simplesmente o fluxo da tua mente. Sem interferir, observa apenas!
Neste momento, a tua mente está focada em algo específico (pode ser uma tarefa, um objetivo, uma ideia) ou está a vaguear saltando por entre ideias, projetos e tarefas para concluir? Por quanto tempo manténs o foco antes de começares a dispersar por entre um emaranhado de pensamentos?

A verdade é que numa realidade cheia de estímulos de todo o tipo, como aquela em que vivemos, o foco é provavelmente uma das competências mais importantes que podemos treinar.
Alguns estudos realizados com crianças têm demonstrado que a capacidade de foco é um dos indicadores mais fortes se uma pessoa será bem-sucedida na sua vida em adulto. Manter o foco ajuda-nos a ter sucesso na nossa carreira e a conseguir atingir objetivos. Mas, mais do que isso, o poder de nos concentrarmos pode auxiliar-nos também a ter uma vida pessoal mais rica e feliz.
A palavra Atenção vem de Attendere, entrar em contacto por isso ela conecta-nos com o mundo, molda e define as nossas experiências. A boa notícia é que a atenção funciona como um músculo – bem utilizada ela melhora e expande e pouco utilizada ela definha.
Basicamente, temos uma capacidade limitada de foco, ou seja, não prestamos atenção a tudo ao mesmo tempo. Este processo tem uma grande componente inconsciente, portanto, acabamos por, quase sempre, escolher direcionar a atenção para o que já estamos habituados a observar.
“Focar não é apenas selecionar a coisa certa é também dizer não às coisas erradas!” (Daniel Goleman)

Portanto, o foco pode ser transformado numa ferramenta, se utilizado de forma consciente. É sobre isso que quero partilhar!
Como treinar o foco?
Vamos seguir 2 passos:
1º Desconstruir a situação para identificar qual a tua intenção e
2º Tendo em conta a tua intenção, colocar questões para direcionar o foco de forma consciente.
Uma das formas de treinarmos o foco é trabalharmos na tomada de consciência de quais são as nossas intenções a cada momento.
É importante percebermos que existe uma diferença entre intenções e objetivos.
Os objetivos relacionam-se com o que pretendo atingir, enquanto as intenções acabam por refletir também os reais motivos que nos fazem querer atingir esses objetivos.
Vou dar-te um exemplo: manter o emprego é um objetivo para quase toda a gente. No entanto, as intenções podem ser diferentes entre si. Uns querem manter o emprego porque aí reside a sua única fonte de rendimento, outros querem manter o emprego porque o facto de irem trabalhar os faz sentir úteis e ativos e perder isso iria impactar na sua identidade e autoestima.
Manter o foco é também ser capaz de compreender as verdadeiras razões pelas quais fazemos as coisas e fazê-lo de forma consciente.
Vou partilhar contigo a ferramenta F. E. I. C. que tenho usado, ao longo dos anos, com os meus clientes para os ajudar a desconstruir a realidade e situações de conflito ou de desconforto e que nos ajuda a identificar qual a nossa intenção:
F- Factos: Escolhe uma situação que te provoque desconforto ou conflito interno e descreve-a factualmente: Como é a minha realidade neste momento? Como é o meu contexto atual? O que está a acontecer? Quais são as tarefas que tenho em mãos? Quanto tempo tenho disponível?
E – Emoções: Identifica as emoções que estão associadas à situação (as tuas e também as de outras pessoas que possam ser importantes).
I – Intenções? Reflete sobre: O que é que é importante para mim, agora? O que é que eu realmente valorizo? O que é que eu realmente pretendo? Por que razão sinto estas emoções neste contexto?
C- Consequências? Descreve: Qual é o impacto de não ter feito nada do que tinha planeado para hoje? Qual é o impacto de escolher fazer esta tarefa em vez de outra? Qual é o impacto da escolha que estou a fazer, neste momento?
Desconstruir a situação vai permitir-nos compreender se o nosso comportamento está ou não alinhado com a nossa intenção. Podemos utilizar as nossas intenções como linhas orientadoras para a nossa vida.
Depois de identificares as tuas intenções a minha proposta é que coloques algumas questões que te permitam direcionar o teu foco de forma (também ela) intencional!
Alguns exemplos de questões:
1. A que é que eu estou a prestar atenção, neste momento?
2. A que é que eu não estou a prestar atenção, neste momento?
3. Qual é o impacto que isso tem na minha vida? Qual é o impacto que prestar atenção a estes aspetos, e não a outros, está a ter na minha vida? (Isto vai-me permitir escolher).
4. Tendo em conta a minha intenção, para onde devo direcionar a minha atenção? Em que aspetos me devo focar?
O nosso foco é como o foco de uma câmara de filmar ou de fotografar… Podemos fazer zoom in ou zoom out, podemos escolher prestar mais atenção e destacar mais alguns detalhes do que outros. Se estamos focados em determinado ponto não vamos conseguir focar, simultaneamente, em outros pontos que também façam parte da realidade.
Claro que, em alguns momentos, vamos acabar por entrar em “piloto automático” (por vezes, ele é muito útil). Claro que, em alguns momentos, o facto da nossa mente estar a vaguear tem um enorme valor porque nos traz mais insights, criatividade e pensamento divergente.
Mas aprendermos a escolher de forma consciente para onde pretendemos direcionar o nosso foco coloca-nos, mais vezes, no momento presente e ajuda-nos a filtrar informação.
Vamos aprender a escolher para onde direcionamos a nossa atenção? Não somos apenas “esponjas” que se limitam a absorver estímulos.
Vamos decidir como pretendemos direcionar a nossa vida?
Espero que esta partilha tenha sido útil. Caso necessites de um apoio no teu percurso, descobre como te posso ajudar a evoluir com o coaching psicológico.


